Justiça acata denúncia do MPF sobre esquema de inspeção veicular
maio 16, 2018
O Ministério Público Federal (MPF) denunciou à justiça federal
no Rio Grande do Norte os “não detentores de foro” envolvidos em parte do
esquema de corrupção e lavagem de dinheiro que foi alvo da operação Sinal
Fechado, deflagrada em 2011. Eles participaram dos atos de corrupção e lavagem
de dinheiro cujo objetivo era manter um contrato de inspeção veicular ambiental
no estado, obtido irregularmente através de licitação fraudada.
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Contra os envolvidos que possuem foro por prerrogativa de
função (o senador José Agripino Maia e a ex-governadora e atual prefeita de
Mossoró Rosalba Ciarlini), a denúncia foi feita pela Procuradoria-Geral da
República - por corrupção passiva e lavagem de dinheiro – e se encontra sob
análise da segunda turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que irá decidir se
acata ou não.
A denúncia feita no Rio Grande do Norte, porém, já foi
aceita pela justiça e inclui dentre os réus o suplente de senador José Bezerra
de Araújo Júnior, o ‘Ximbica’; o marido da ex-governadora Rosalba Ciarlini,
Carlos Augusto de Sousa Rosado; o assessor parlamentar do ex-senador João
Faustino, Antônio Marcos de Souza Lima, e o empresário George Anderson Olímpio
da Silveira, que vem colaborando com as investigações.
Em 2010, José Agripino, Carlos Augusto Rosado e sua esposa e
então senadora Rosalba Ciarlini (candidata ao governo), com a intermediação de
João Faustino, teriam recebido R$ 1,15 milhão de George Olímpio para assegurar
a manutenção do contrato de inspeção veicular celebrado entre o Consórcio
Inspar e o estado.
A maior parte do dinheiro se destinou a pagar despesas da
campanha de reeleição do senador e de Rosalba a governadora e nunca foi
declarado na prestação de contas de ambos. De acordo com a denúncia, uma
parcela menor foi depositada “de forma fracionada, sem identificação de origem”
nas contas de Agripino (R$ 105.500), Carlos Augusto (R$ 86.365) e Rosalba (R$
69.950).
O MPF detalha que José Bezerra Júnior viabilizou - no papel
de agiota - o empréstimo de R$ 300 mil usado como parte da propina paga ao
grupo político por George Olímpio. Foram estipulados juros de 3% ao mês e o
valor principal seria devolvido quando as inspeções começassem.
Antônio Marcos, por sua vez, sacou outra parcela da propina
(R$ 190 mil) da conta de Marcílio Monte Carrilho de Oliveira. Este teria atuado
como agiota e emprestado, ao todo, R$ 400 mil para o esquema, porém Marcílio
Carrilho e o ex-senador João Faustino Ferreira Neto - que foram investigados e
tiveram participação no caso indicada por vários elementos de prova - não foram
denunciados porque já faleceram.
O Consórcio Inspar, de George Olímpio, venceu através de
fraude a licitação da inspeção veicular ambiental e, mesmo diante das várias
críticas e questionamentos feitos à época, tentou assegurar a manutenção e
execução do contrato junto ao grupo de Agripino, Carlos Augusto e Rosalba,
vislumbrando a vitória dessa última nas eleições de 2010, quando foi eleita
governadora.
Da propina, R$ 300 mil vieram de recursos próprios do
empresário e os demais R$ 850 mil através de empréstimos junto a agiotas (aos
quais pagou juros até o início de 2011) e a uma empresa do próprio senador (R$
150 mil). George Olímpio celebrou acordo de colaboração premiada.
A Sinal Fechado teve origem em diligências realizadas pelo
Ministério Público do Estado (MP/RN) a respeito de suspeitas de fraude e
corrupção no Detran/RN. Um dos alvos foi a licitação da inspeção veicular. Na justiça
estadual já tramita ação penal referente ao pagamento de propina para o grupo
político que se encontrava no Governo do Estado na época da licitação e da
celebração do contrato de inspeção, no ano de 2010.
A nova ação do MPF se refere ao repasse de vantagens
indevidas ao grupo político que assumiu o governo a partir de 2011. Em sua
delação, George explicou que a negociação “abrangia também um acordo mais
amplo, voltado para o pagamento mensal de vantagens indevidas, em valor não
especificado, a ser efetivado quando o serviço (…) começasse a ser prestado e
remunerado”.
Na denúncia, o MPF pede a condenação de Carlos Augusto e
José Bezerra Júnior por corrupção passiva e lavagem de dinheiro e de Antônio
Marcos por lavagem de dinheiro; além de requerer a reparação dos danos pelos
acusados, no montante de R$ 1,15 milhão. Em relação a George Olímpio, pede-se a
aplicação do benefício previsto em seu acordo de colaboração: o perdão
judicial.
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