MPRN detalhou esquema de desvio de R$ 19,3 milhões no Idema
setembro 02, 2015
O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) concedeu
entrevista coletiva a imprensa na tarde desta quarta-feira (2) para dar
detalhes da operação Candeeiro, deflagrada no início da manhã e que descortinou
associação criminosa instalada no Instituto de Desenvolvimento Sustentável e
Meio Ambiente (Idema), que desviou recursos de R$ 19,3 milhões em benefício de
pessoas e empresas.
A coletiva para a imprensa foi concedida pelo procurador-geral de Justiça,
Rinaldo Reis Lima, promotores de justiça do Patrimônio Público e do Grupo de
Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
O procurador-geral de Justiça informou que a investigação iniciada em janeiro
de 2014 e que teve seu desfecho hoje com a Operação Candeeiro descortinou
refinada associação criminosa instalada na Unidade Instrumental de Finanças e
Contabilidade, entre os anos de 2013 e 2014, desviando até onde se apurou,
quase R$ 20 milhões. Há indicativos de que o esquema vinha sendo realizado até
um pouco antes e os valores desviados podem ser ainda maiores.
A ação de desvio tinha o apoio do então diretor administrativo e auxílio de
pessoas estranhas ao Idema. O esquema utilizava-se de ofícios autorizadores de
pagamento como forma de desviar recursos em benefício próprio ou de terceiros.
Os valores desviados em favor de sete empresas com as quais o próprio órgão
ambiental do Estado não reconhece qualquer espécie de contratação contabilizam
o montante de R$ 19,3 milhões.
Foram identificadas como beneficiárias do esquema ilícito de desvio de recursos
públicos as empresas A Macedo Mafra-ME; Fabíola Mercedes da Silveira ME; Conceito
Rent a Car Ltda ME; J E de O Soares ME; Ramon Andrade B F Souza ME; M D S de Lima
Serviços ME; e Antonio Tavares Neto ME, todas elas vinculadas a pessoas da
contabilidade do Idema.
O promotor de justiça do Patrimônio Público, Paulo Batista, esclareceu que o ‘x’
da questão era a ausência de registro no Sistema Integrado de Administração
Financeira (Siaf) de toda movimentação de pelo menos duas contas do Idema, que
tornavam ocultas as despesas realizadas. O dinheiro, em sua maior parte, era
sacado em espécie nas instituições financeiras mantenedoras das contas das
empresas. Uma das contas movimentou em 2013 mais de R$ 13 milhões.
No decorrer da investigação, verificou-se que diversos ofícios eram expedidos
com o propósito de determinar ao Banco do Brasil a transferência de valores a
partir de contas de titularidade do Idema a empresas que não possuíam qualquer
vínculo contratual com o órgão ambiental. Também não era informada a
contratação das empresas beneficiárias ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) ou
disponibilizada informação no Portal da Transparência o que demonstrava grande
capacidade de percepção de brechas nos mecanismos de controle.
A investigação conseguiu mapear além do montante de recursos desviados, o
patrimônio que as pessoas envolvidas auferiram com os atos ilícitos, como
casas, veículos, e apartamentos, sendo grande parte desse patrimônio
sequestrado pela Justiça das pessoas físicas e jurídicas envolvidas.
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