MPF/RN se posiciona contra projeto de lei que libera carcinicultura em áreas de mangue
julho 22, 2015
O Ministério Público Federal no Rio Grande do Norte (MPF/RN)
é contrário ao projeto de lei aprovado na Assembleia Legislativa e que
qualifica a criação de camarão (carcinicultura) como atividade
agrossilvipastoril, permitindo que seja desenvolvida mesmo em áreas de proteção
ambiental permanente, como os manguezais.
Para o MPF, a proposta, além de inconstitucional, trará
danos ao meio ambiente e à sustentabilidade da região costeira do Rio Grande do
Norte.
Diversas ONGs e instituições já se posicionaram contra esse
PL, incluindo entidades como o Ibama e a comissão de Direito Ambiental da OAB.
O projeto de lei foi aprovado pela Assembleia Legislativa no
dia 16 de julho, com apenas um voto contrário, e seguiu para sanção ou veto do
governador Robinson Faria.
A proposta permite a realização da atividade de criação de
camarão em ecossistemas ambientalmente frágeis, como os mangues, considerados
áreas de proteção permanente pelo código florestal brasileiro e que servem como
berçário da vida aquática.
Em documento enviado ao governador Robinson Faria e à
Consultoria Geral do Estado, os procuradores da República, Clarisier Azevedo,
Victor Mariz e Victor Queiroga - bem como o superintendente do Ibama, Luiz
Eduardo Bonilha - apontam a clara inconstitucionalidade do projeto de lei, que
viola trechos de artigos da Constituição Federal e da Constituição do Estado.
As duas instituições lembram ainda que uma possível sanção
causará insegurança jurídica, gerando demandas judiciais com o objetivo de
anular possíveis licenciamentos que se baseiem na nova legislação. Isso
resultaria, ao final, em desocupações de áreas e na perda de investimentos
públicos e privados, que poderiam ter sido destinados a locais onde a atividade
é legalmente permitida.
Ibama e MPF sugerem a formação de um grupo de trabalho
interdisciplinar para regular de forma adequada e sustentável a atividade de
carcinicultura no Rio Grande do Norte.
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