Depoimento de Moro a PF começa a provocar desdobramentos

maio 04, 2020


O depoimento do ex-ministro Sergio Moro no sábado, 2, na sede da Polícia Federal em Curitiba, começa a causar desdobramentos.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu hoje, 4, que o Supremo Tribunal Federal (STF) autorize novas diligências no inquérito que apura suposta interferência política do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal. As medidas serão analisadas pelo ministro relator do caso no STF, Celso de Mello.

Os pedidos do procurador-geral da República, Augusto Aras, se concentram em quatro pontos: depoimentos de pessoas citadas por Moro na denúncia; recuperação de áudio ou vídeo que, supostamente, comprove a denúncia; verificação das assinaturas do ato de exoneração do ex-diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, e perícia nas informações obtidas a partir do celular de

No pedido ao STF, Augusto Aras solicita que a PF tome depoimentos de dez pessoas citadas na denúncia feita por Moro: ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos; ministro do GSI, Augusto Heleno; ministro da Casa Civil, Braga Netto; deputada Carla Zambelli (PSL-SP); ex-diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo; delegados da PF Ricardo Saadi, Carlos Henrique de Oliveira Sousa, Alexandre Saraiva, Rodrigo Teixeira e Alexandre Ramagem Rodrigues.

Augusto Aras também pediu que Celso de Mello determine à Secretaria-Geral da Presidência da República o envio de cópia dos "registros audiovisuais" de uma reunião entre Bolsonaro, ministros e presidentes de bancos públicos no Palácio do Planalto, em 22 de abril. A intenção é confirmar a afirmação de Moro de que Bolsonaro teria cobrado, neste encontro, a substituição do diretor-geral da PF e do superintendente da corporação no Rio de Janeiro, além de "relatórios de inteligência e informação da Polícia Federal".

Também foi requisitado ao STF que seja determinada a verificação das assinaturas no ato que exonerou o ex-diretor-geral da PF, Maurício Valeixo. Inicialmente, o decreto foi publicado no Diário Oficial da União com as assinaturas digitais de Jair Bolsonaro e Sergio Moro. Em coletiva, horas depois, Moro negou que tivesse assinado o documento, indicando possível fraude na publicação. No mesmo dia, uma edição extra do Diário Oficial republicou o ato, desta vez assinado por Bolsonaro e pelos ministros Walter Souza Braga Netto (Casa Civil) e Jorge Oliveira (Secretaria-Geral). Na justificativa oficial, constou que o texto foi republicado por "erro material".

Outra providência requisitada ao STF é a análise do material espelhado do celular do ex-ministro da Justiça. Além de um depoimento de mais de oito horas, no último sábado, Moro também ofereceu à PF dados do próprio telefone celular.
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