Terreno minado
dezembro 11, 2019
Os planos do presidente Jair Bolsonaro e políticos cariocas
de erguer um autódromo no Rio de Janeiro para receber a Fórmula 1 podem sofrer
novos entraves. Reportagem da Agência Spotlight mostrou, por meio de documentos,
que o terreno conhecido como ‘Camboatá’, em Deodoro, local escolhido para
construção da pista, é um campo minado ativo.
A agência teve acesso ao ‘Relatório Final da Força Tarefa
Camboatá’, elaborado pelo 1º Batalhão de Engenharia de Combate (RJ) e
encaminhado ao comando militar do Leste, que apontou que 167 000 artefatos e
estilhaços de granadas e explosivos foram localizados e neutralizados no imóvel
Camboatá durante varreduras em 2014 e 2015. Um trecho do documento atesta: “em
decorrência de limitação do material e da técnica necessária para execução da
tarefa, a varredura não foi realizada em todo o terreno”. Isso impede assegurar
risco zero para o pretendido futuro autódromo, já que centenas de milhares de
artefatos foram encontrados nas áreas averiguadas.
Jornais da década de 50 comprovam que o terreno serviu como
paiol de armas e para treinamento militar do Exército no passado e ao menos
dois acidentes foram registrados no local em 1958.
O contrato da Fórmula 1 com o Autódromo de Interlagos, em
São Paulo, vai até 2020. Os trâmites para a renovação, entretanto, se complicaram
desde a chegada do Rio de Janeiro na concorrência pelo GP. O presidente Jair
Bolsonaro assinou um termo de cooperação, em maio deste ano, para construir um
novo autódromo da capital carioca, no bairro de Deodoro – que teve licitação
suspensa pela justiça federal -, com objetivo de sediar a corrida da principal
categoria do automobilismo.
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