Correntistas Famosos

outubro 20, 2019


Correntistas Famosos
‘Causo’ escrito por Manoel Lourenço *

Nem preciso me esforçar para explicar como era, entrar numa agência bancária, antes dos caixas eletrônicos, que caíram como uma luva, facilitando a vida de quantos necessitavam de, somente sacar dinheiro,  por exemplo, e tinham que se expor às intempéries, fora das agências, esperando que os vigilantes, abrissem as portas ao público.

Foi nesse clima, que um dia enfrentei uma fila quilométrica, no Banco do Brasil da praça vigário Antonio Joaquim, aqui em Mossoró.

Era dia de pagamento; o banco abria às 11 horas, forçando as pessoas se perfilarem, logo cedo, sem nenhum conforto, pelo contrário, o sofrimento era diversificado: ia de pessoas cortando a fila, alegando que havia saído pra comprar algo, até às flatulências carniçais, que o "autor" nunca se preocupava, em função da dificuldade de sua identificação.

O tempo se preparando e, cada um a seu modo, procurando se proteger da chuva que já se pronunciava, quase que inevitavelmente.

Uma chuva começa a cair sobre a cidade e, a partir daí, ninguém mais sabia quem era quem, nessa fila: todos tentavam se acomodar sob uma pestana de alvenaria, que não dava conta de proteger nem 1% dos presentes.

Algumas pessoas insistiam em bater naquela porta de vidros fortíssimos, tentando sensibilizar os guardas, mas estes não cediam; tinham ordens pra não atender.

De repente, aproxima-se uma senhora, bate à porta, levemente, e o guarda, talvez, levado pela elegância da mulher, abriu a porta, um pouquinho e logo foi avisado por ela:

- Eu sou a mãe de Alcione, já falei com ela por telefone...

O guarda, pede um tempo, fala numa espécie de interfone e libera a porta àquela senhora.

Houve um pequeno ensaio de insatisfação, que fora amenizado por alguns presentes, até em respeito à idade daquela mulher.

Minutos depois, um senhor aproxima-se e diz aos presentes que iria mostrar que entrava também. Bate, educadamente à porta, o guarda entreabre-a e pergunta ao cidadão o que ele pretende.

Ele, calmamente, sob os olhares curiosos dos presentes, assevera:

- Eu gostaria de entrar, amigo, eu também tenho meus motivos...

Já temendo ser alguma autoridade, o guarda respondeu:

- O senhor pode se identificar, por favor!!??

- Pois não, amigo, Eu sou o pai de Roberto Carlos!!!

* Manoel Lourenço, técnico agrícola aposentado e atualmente um contador de 'causos'


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