Operação Canastra Real aponta continuação de crimes da Dama de Espadas
setembro 18, 2018
A investigação do Ministério Público do Rio Grande do Norte
(MPRN) que levou à deflagração da operação Canastra Real nesta segunda-feira, 17,
revela que o esquema fraudulento apontado na operação Dama de Espadas,
deflagrada em 2015, foi continuado: a indicação de servidores para cargos na
Assembleia Legislativa. A chefe de Gabinete da presidência da ALRN, Ana Augusta
Simas Aranha Teixeira de Carvalho, e outras cinco pessoas foram presas por
força de mandado judicial na Canastra Real. Outros dois homens foram presos em
flagrante por posse ilegal de arma de fogo.
O sigilo das petições e decisões foi levantado pela justiça
potiguar ainda nesta segunda-feira. A continuidade do esquema da Dama de
Espadas foi demonstrada na investigação, sendo que apenas a forma de
operacionalização do desvio mudou. Na Dama de Espadas, os servidores indicados
para integrar o esquema recebiam seus vencimentos através de cheques-salários.
Até o momento, o MPRN já denunciou 26 pessoas por envolvimento com as fraudes.
Na Canastra Real, a investigação aponta que os servidores
investigados tiveram que abrir contas bancárias, em alguns casos fornecendo o
endereço residencial de Ana Augusta para constar nos assentos funcionais e nos
cadastros bancários deles.
Além de Ana Augusta Simas, foram presos temporariamente, por
cinco dias: Paulo Henrique Fonseca de Moura, Ivaniecia Varela Lopes, Jorge
Roberto da Silva, Jalmir de Souza Silva e Fabiana Carla Bernardina da Silva,
todos ex-assessores técnicos da presidência da Assembleia Legislativa.
O MPRN desvendou o crime praticado pelo grupo por meio de
informações contidas na fita detalhe da agência bancária localizada na sede da
Assembleia Legislativa, obtida mediante a quebra de sigilo bancário.
A investigação do MPRN aponta que os saques não teriam sido
realizados pelos titulares das contas bancárias, mas por meio de uma única
pessoa e com determinação uniforme.
Em depoimento ao MPRN, um bancário que trabalhou na agência
existente na Assembleia Legislativa confirmou o esquema criminoso. Esse
funcionário relatou que nos dias de pagamento da ALRN, o banco aprovisionava
mais de um R$ 1 milhão, diante da peculiaridade da agência pagar, por meio de
saques, os salários em espécie. A testemunha disse ao MPRN que Ana Augusta
Simas exercia o “controle” sobre o grupo de pessoas investigadas. O somatório
dos saques efetuados nas contas dos integrantes do grupo era acondicionado em
um envelope e entregue a um deles, provavelmente aquele que era atendido por
último e, por vezes, entregue à própria Ana Augusta, que permanecia na agência
no momento do atendimento.
O MPRN também aponta, na investigação, a divergência entre
as assinaturas de alguns titulares de contas bancárias. Algumas dessas rubricas
têm consideráveis semelhanças com as de Ana Augusta Simas. Em depoimento ao
MPRN, já após a deflagração da operação, os próprios servidores reconheceram
que algumas assinaturas não são deles.
Durante o cumprimento dos mandados de prisão e de busca e
apreensão contra Ana Augusta nesta segunda-feira, o marido dela, Fernando Luiz
Teixeira de Carvalho, foi preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo.
Fernando Teixeira, que é o prefeito de Espírito Santo, foi preso com uma
espingarda calibre 12 e um revólver calibre 38, e munições. Também foi preso,
igualmente por posse ilegal de arma de fogo, Ygor Fernando da Costa Dias,
residente em Espírito Santo e marido de Fabiana Carla Bernardina da Silva. Ele
estava com um revólver calibre 38 e munições.
A operação Canastra Real contou com o apoio da Polícia
Militar. Participaram da ação 28 promotores de Justiça, 26 servidores do MPRN e
70 policiais militares. Além dos seis mandados de prisão, foram cumpridos
outros 23, de busca e apreensão nas cidades de Natal, Espírito Santo, Ipanguaçu
e Pedro Velho.
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