Ação do MPRN, Força Nacional e Polícia Civil prendeu integrantes de milícia nos estados do RN, RJ e MG
abril 17, 2018
Uma ação conjunta do Ministério Público do Rio Grande do
Norte (MPRN), da Força Nacional e da Polícia Civil potiguar cumpriu oito
mandados de prisão na manhã desta terça-feira, 17, em Ceará-Mirim, na grande
Natal, e no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Os alvos dos mandados são
suspeitos de integrarem uma milícia que, segundo as investigações, é
responsável por dezenas de assassinatos. As prisões são temporárias por trinta
dias e podem ser prorrogadas.
A ação é fruto de um trabalho investigativo do MPRN e da Força Nacional que foi
iniciado depois da morte do sargento PM Jackson Sidney Botelho, em 20 de
fevereiro do ano passado, em Ceará-Mirim. Segundo apurado na investigação, após
a morte do sargento, “o que viu foi um
verdadeiro e trágico banho de sangue, resultando nas mortes brutais de 12
pessoas em pouco mais de 48 horas, fato que ganhou grande repercussão regional,
estadual e até em âmbito nacional”.
O trabalho em conjunto deflagrado nesta terça-feira teve o apoio da Divisão
Especializada em Investigação e Combate ao Crime Organizado (Deicor), da
Polícia Civil. Dos mandados expedidos, seis foram cumpridos em Ceará-Mirim. As
outras duas prisões aconteceram no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.
As prisões temporárias foram pedidas por serem imprescindíveis às investigações
e para evitar que o grupo ameace testemunhas. Os oito homens ficarão presos em
unidades do sistema prisional potiguar.
Em uma ação conjunta do MPRN e da Força Nacional realizada
em 3 de fevereiro passado, o policial militar Erinaldo Ferreira de Oliveira foi
preso por suspeita de chefiar a mesma milícia com atuação em Ceará-Mirim.
Segundo as investigações, Naldão, como é conhecido o PM, assumiu a chefia da
milícia após a morte do sargento PM Jackson Botelho.
Na denúncia que resultou na prisão de Naldão, o MPRN detalha o relatório das
investigações e aponta que, dentre os mais de cem inquéritos policiais
instaurados com o objetivo de apurar os crimes em Ceará-Mirim, 74 possuem a
mesma dinâmica criminosa: os executores utilizam motos ou carros, balaclavas e
roupas escuras, efetuam disparos em quantidade excessiva e em especial na
região cervical da vítima, ameaçam as testemunhas presentes e fogem sem deixar
qualquer vestígio.
Ainda segundo as investigações, as informações obtidas pelo MPRN reforçam que a
organização criminosa atua na prestação de serviços de segurança privada e
ainda na “eliminação” de pessoas
ditas ou por eles consideradas como “bandidos”,
promovendo aparente sensação de paz social, “regada pelo assassinato brutal de vários homens e mulheres”.
Além das evidências e informações obtidas junto às testemunhas sobre a atuação
do grupo, a denúncia também engloba inquérito policial para apurar as
circunstâncias do assassinato de Aluísio Ferreira da Costa Neto e a tentativa
de homicídio contra Wgleiby Barbosa de Góis, fatos ocorridos no dia 3 de agosto
de 2017.
Aluísio Ferreira era um conhecido integrante do grupo criminoso, sendo um dos
supostos autores da chacina ocorrida na cidade após a morte do sargento Jackson
Botelho. A motivação do crime teria sido queima de arquivo. Além de Erinaldo,
outros cinco homens foram denunciados pelo MPRN por envolvimento com a morte de
Aluísio Ferreira.
Naldão foi denunciado pelos crimes de homicídio qualificado mediante promessa
de recompensa ou por motivo torpe, com pena 12 a 30 anos de reclusão, podendo
ser aumentada em um terço por ter sido praticada por milícia privada; e de
comércio ilegal de arma de fogo, com plena de reclusão de 4 a 8 anos e multa.
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