Ação da ‘Pecado Capital’ aponta pagamento de propinas à cúpula do Inmetro
novembro 25, 2014
Uma nova denúncia do Ministério Público Federal no Rio
Grande do Norte (MPF/RN) revela o pagamento de propina a integrantes da cúpula
do Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro), durante a gestão de Rychardson
de Macedo à frente do Instituto de Pesos e Medidas (Ipem/RN), entre 2007 e
2010.
De acordo com as investigações, dois integrantes da direção
do Inmetro recebiam benefícios e, em troca, permitiam a continuidade do esquema
montado no RN com participação do deputado Gilson Moura e dos advogados Lauro
Maia e Fernando Caldas Filho.
Foram denunciados o diretor administrativo-financeiro do
Inmetro, Antônio Carlos Godinho Fonseca, e o auditor-chefe do instituto, José
Autran Teles Macieira (afastado do cargo preventivamente, por conta de
procedimento disciplinar da Controladoria Geral da União).
Ainda de acordo com a denúncia, as propinas foram pagas por
Rychardson de Macedo (que também é réu) para viabilizar o recebimento de maior
quantidade de recursos federais, por meio de convênio, e evitar consequências
desfavoráveis decorrentes das auditorias.
De acordo com os convênios assinados pelo Ipem/RN com o
Inmetro, o instituto nacional deveria transferir ao estadual 85% da receita
arrecadada no Rio Grande do Norte com multas e outras taxas pagas por
infratores. No entanto, em razão do acordo entre Rychardson de Macedo e Antônio
Carlos Godinho, o Inmetro acabou transferindo um percentual bem maior.
Auditorias apontam que, em 2007, foi repassado ao Ipem/RN
mais de 100% do valor arrecadado, enquanto em 2008 repassou-se 97%. Em 2010,
durante os meses da gestão de Rychardson de Macedo, voltou a ser extrapolado o
limite, ultrapassando os 100%.
Rychardson estabeleceu relação estreita com Antônio Godinho,
ao ponto de tratá-lo pelo apelido de ‘Toninho’.
Diversas irregularidades cometidas no âmbito do Ipem/RN
foram constatadas pelas auditorias do Inmetro, contudo a autarquia federal
nunca tomou nenhuma providência efetiva. Antônio Carlos Godinho não acatou
recomendações para efetuar uma intervenção no Ipem/RN, nem mesmo de promover
uma tomada de contas especial, para apurar responsabilidades.
Rychardson de Macedo também estabeleceu vínculo próximo com
o auditor-chefe do Inmetro, José Autran. Em virtude de combinação entre ambos,
a autarquia federal acatava as justificativas apresentadas pelo Ipem/RN,
relativas aos indícios de irregularidades.
Em abril de 2008, Rychardson de Macedo adquiriu uma lancha e
“presenteou” Antônio Carlos Godinho. Rychardson explicou ainda que o diretor do
Inmetro costumava vir ao Rio Grande do Norte no verão e ficava numa casa alugada
em Jacumã.
Em decorrência do acordo de colaboração premiada, o MPF
requer o perdão judicial para Rychardson de Macedo.
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